Nutricionista
HPA Magazine 21 // 2024
Existem disfunções metabólicas associadas a esta síndrome como a resistência à insulina e a hiperinsulinémia que poderão evoluir para Diabetes Mellitus tipo II ou Diabetes Gestacional. Para além disso, também podem ocorrer complicações obstétricas, maior risco de eventos cardiovasculares e de cancro do ovário.
Hoje sabemos que algumas alterações ao estilo de vida como uma alimentação mais saudável, a prática regular de exercício físico, dormir bem e ter um sono regular poderão ajudar a silenciar esta síndrome e evitar que ocorram algumas das suas complicações.
A alimentação desequilibrada provoca alterações nas bactérias intestinais – disbiose intestinal – que aumentam a permeabilidade intestinal e consequentemente a inflamação. Uma vez que o sistema imunitário interfere com os recetores de insulina, vai existir um aumento na produção de androgénios pelos ovários e consequentemente alterações no desenvolvimento folicular normal.
Estudos têm demonstrado que a suplementação com alguns probióticos e vitamina D melhoram a flora intestinal, diminuem a inflamação, a gordura corporal e a sensibilidade à insulina.
Sabe-se também que alguns tipos de dietas poderão melhorar a resistência à insulina, como a dieta mediterrânica em que são priorizados alimentos anti-inflamatórios ricos em polifenóis, como o azeite, as nozes, grãos e algumas frutas vermelhas, com teores interessantes em resveratrol. As dietas low carb e hipocalóricas em que se priorizam os alimentos de baixo índice glicémico, como alguns vegetais e frutas, também se têm mostrado favoráveis na melhoria da insulinorresistência.
Manter bons hábitos de sono permite ao organismo responder fisiologicamente aos estímulos do ambiente, originando a produção de melatonina.
Em pacientes com SOP verifica-se uma diminuição de melatonina no fluido folicular.
Esta hormona tem vários benefícios na SOP, nomeadamente na regulação hormonal e na melhoria do ciclo menstrual. Existem alguns alimentos/nutrientes que poderão melhorar a produção de melatonina, como a vitamina D (sol matinal), o ácido fólico (presente nas folhas verdes como couves, espinafres, feijão, peixes, amendoim), ómega 3 (sementes de linhaça, chia, peixes gordos) e alguns probióticos (como o kefir).
Para além da alimentação também existem fatores ambientais, como algumas toxinas que têm um importante papel na SOP e na sua pré-disposição. Por exemplo, plásticos com Bisfenol A (BPA), presentes em algumas garrafas de plástico (água, por exemplo) e outros recipientes utilizados para armazenamento de produtos alimentares. Estas toxinas são disruptoras endócrinos que afetam a saúde, sendo que o seu contacto direto excessivo durante a gravidez, poderá provocar alterações genéticas no DNA do feto que afetará gerações seguintes. Uma boa estratégia poderá passar por usar garrafas de vidro e recipientes livres de BPAs.
Portanto, uma alimentação saudável, rica em alimentos anti-inflamatórios, bons hábitos de sono e a prática regular de exercício físico são fundamentais para reduzir possíveis complicações, controlar a sintomatologia e favorecer um bom estado de saúde à mulher com SOP que pretenda ou não engravidar.